A Arte digital caracteriza-se primordialmente por ser um modo de expressão em que as
tecnologias da informação e comunicação; as tecnologias digitais e a rede são estruturantes da obra. Ou seja: os "aparatos tecnológicos" não são meras ferramentas, mas essência do processo poético.
Com a popularização da informática e suas potencialidades, percebe-se
que a tecnologia digital traz consigo características essenciais que
permitem outra postura com o
conhecimento, como a interatividade, a virtualidade, a interação e a participação,
como fundantes da relação entre ser o humano e a máquina.
Assim a arte digital não simula o mundo, mas um novo mundo, através de
códigos numéricos o recria em ambientes sensíveis e interativos e o veicula na
rede. Por isso, a arte digital possibilita outra percepção que se diferencia de
uma pintura estática ou um desenho digitalizado, por exemplo. O conceito de arte digital é amplo e diverso –
tal como tudo que envolve a contemporaneidade - e busca pautar-se no
potencial que a tecnologia digital proporciona a processos de criação: na
interação, na interatividade, na cooperação, na colaboração, na intervenção,
gerando autoria e co-autoria.
A digitalização e a disponibilização das dinâmicas artísticas na rede
pressupõem caminhos labirínticos hipertextuais e uma percepção multimidiática
do espaço. O hipertexto caracteriza-se como “uma teia de conexões com diversos
textos” (Silva, 2001 p.14) e a multimídia é a mistura de diversas mídias:
áudio, vídeo, texto, imagem. Para Silva (2001, p.15), o hipertexto apresenta-se
como novo paradigma tecnológico que liberta o usuário da lógica unívoca, da
lógica de distribuição, própria dos meios de comunicação de massa.
Da união do hipertexto com a multimídia surge o termo hipermídia, que se
configura como uma dinâmica caótica, imprevisível e instável na rede. A
distinção entre o hipertexto, a multimídia e a hipermídia na rede dissolve-se,
bem como a noção de mídia, sendo o visual muitas vezes apresentando-se sonoro,
o sonoro de forma textual e visual e assim por diante. Uma outra característica
da hipermídia é em relação ao processo de interatividade que o hipertexto não
dá conta apenas com as conexões textuais. A hipermídia apresenta-se em jogos,
obras de artes e, inclusive, para a construção de projetos
científicos–tecnológicos, simulando a realidade. Assim, a hipermídia é uma
característica essencial no processo de aprendizagem, pois reproduz a
singularidade dos sentidos do ser humano numa dinâmica dialógica e disponível
ao mundo. Nesse sentido, a obra, na sua dimensão digital, é completamente
diferente da analógica, no que diz respeito a conceitos, objetivos e interação
com o público, pois tais tecnologias mudam drasticamente nossa relação com o
conhecimento.
Para Lemos (2004), a digitalização do mundo vai afetar as relações entre
a imagem e o objeto, entre o objeto e o sujeito, entre o sujeito e a natureza.
Ele diz que essa digitalização vai atingir não só o campo imagético, mas também
toda a cultura contemporânea, passando pela economia à publicidade, pela
comunicação e o corpo. É tomando como referência o potencial comunicativo,
sensível e dialógico da arte digital que podemos, a partir da sua associação ao
processo de formação do indivíduo, torná-lo mais rico, onde a criatividade e a
sensibilidade andem lado a lado com a autonomia e com a solidariedade.
Referências citadas
LEMOS, André. Cibercultura:
Alguns pontos para compreender a nossa época. In: LEMOS, André; CUNHA, Paulo
(Orgs.). Olhares sobre a cibercultura.
Porto Alegre: Sulina, 2003. p. 11-23.
____________. A arte Eletrônica na Cibercultura.
Disponível em:< http://www.universia.com.br/html/materia/materia_fgej.htm
> Acesso em: 09 jun.2007.
SILVA,
Marcos. Sala de Aula Interativa. 2.ed Rio de Janeiro: Quartet,
2001.
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