Não, não achamos que é pecado nem errado, criar em prol de uma data
comemorativa. Aliás, as datas comemorativas, são fonte de inspiração e
sempre foram para as artes de um modo geral.
Entendemos isso, e muitas vezes, nos sentimos também, impulsionados a criar, recriar, inventar, experimentar diante de um fato histórico, jornalistico, atual ou não.
Entendemos isso, e muitas vezes, nos sentimos também, impulsionados a criar, recriar, inventar, experimentar diante de um fato histórico, jornalistico, atual ou não.
A questão colocada tem a ver na verdade, com a nossa resistência diante da percepção do senso comum das artes na escola. E infelizmente, isso ainda é tão recorrente... Isso, de fazer cartões para os dias dos pais, mães, avós etc. Quando sabemos que a configuração das famílias contemporâneas não corresponde a este ideal, do ponto de vista estrutural e social.
Refirimo-nos também, ao cargo de decorador de salões de festas, adquiridos gratuitamente pelos professores de artes na escola. E também, a sua obrigação de estar antenado à datas, eventos e acontecimentos que na maioria das vezes não tem significado nenhum para os sujeitos em formação artística. E o mais grave, não acrescenta em nada ao programa da disciplina! Ou seja: a escola é contraditória e perde tempo com assuntos que desrespeitam aos seus próprios interesses burocráticos.
Óbvio que o trabalho na escola, tem um direcionamento ideológico – mesmo que não consciente e não consistente.
Veja bem, por que devo criar um plano, traçar metas e objetivos para uma aula de artes que enfatize o carnaval, numa comunidade que não tem esta tradição? Sim, isto pode e deve ocorrer, mas, deve ter um porque específico, uma razão especial de acontecer.
Ou por que devo fazer uma quadrilha com os meus alunos nas festas juninas? Ou mesmo, por que o tal do coelho da Páscoa e os ovos de chocolates surgem na Escola como uma obrigação? Por que pregar o espírito natalino quando sabemos que a escola brasileira é laica e o Natal é uma festa religiosa e Cristã?
Sabemos as respostas de todas as perguntas, e todas elas, tem a ver com o consumismo, capitalismo, acomodação, falta de senso crítico e sobretudo condicionamentos.
Sabemos também, que muita coisa mudou no cenário da arte na educação formal. Sabemos que as datas comemorativas são tratadas criticamente, que existem debates e discussões sobre o assunto e que criar em prol de um fato real ou fictício, faz parte também do processo de criação artística, desde que, o sujeito criador, seja motivado a pensar, refletir e se expressar com criticidade diante de tal fato. Assim, talvez faça sentido a preocupação com as festividades históricas nas aulas de arte.
Mas o que observo é que, ainda hoje, alunos cobram do professor de arte, trabalhos e aulas relacionadas à pascoa, natal, dia das bruxas (!!!) entre outros absurdos.
Como seria bom fingir que tais acontecimentos não ocorrem no nosso mundo! Tenho medo que, daqui há algum tempo, tenhamos uma data comemorativa do Reality Show BBB! E que a escola, se veja obrigada a contemplar este acontecimento no currículo, como fez com o dia das bruxas.
Será que temos que acolher como conteúdo toda e qualquer manifestação cultural ocorrida na sociedade? Sim, por que ser ser voyer é um traço cultural comum, hoje em dia. Será que estamos aptos a lidar com a imensidão de diversidade multicultural no nosso mundo atual? E por que, simplificamos esse processo de acolhimento de culturas a uma mera data comemorativa?
É feita uma festa, uma exposição de artes visuais, uma apresentação teatral ou de dança e tudo está resolvido?
Com certeza, não. Senão, não teríamos preconceitos, xenofobia, violências diversas, assédios etc. Pois todos os itens citados tem a ver diretamente com datas comemorativas, diluídas no nosso currículo em forma de conteúdos.
E agora chegamos ao ponto: não queremos nos condicionar a este movimento de comemorar e lembrar apenas nas suas datas. O dia da consciência negra por exemplo devia estar impregnado em nossa cultura, de tal forma que não precisasse de mais data.
Aqui, preferimos o caos para criar. Não queremos uma agenda que siga os mesmos passos da escola formal. Não temos um ano letivo e por isso, estamos livres em tempo e espaço para criar, experimentar e brincar a vontade! Resumindo: NÃO SOMOS ESCOLA. SOMOS ETERNOS ALUNOS VIVENDO NA CONSCIENCIA DE QUE SE APRENDE TODOS OS DIAS SOBRE ALGO DIFERENTE... vivaaaa!!! =D
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